Como de costume na obra do Roth, o protagonista é um homem idoso. O livro tem um texto bastante forte, com palavras e expressões contundentes, cheio de referências à psicanálise, a outras obras da literatura e, mais particularmente neste romance, ao teatro.
O protagonista, Simon Axler, é um dos principais atores de teatro de sua geração. De um dia para o outro, a capacidade de atuar desaparece sem deixar vestígios. “Em vez da certeza de que teria um desempenho maravilhoso, sabia que ia fracassar.” Daí em diante, sua vida vai em uma decrescente constante. Tem relacionamentos conturbados com mulheres, se envolve com uma ex-lésbica e imerge em uma arriscada aventura sexual – “E se ele acabasse sendo apenas um rápido parênteses de intrusão masculina numa vida lésbica?”. O desfecho da trama é eletrizante, súbito e surpreendente.
Eu, que não sou exatamente um apaixonado por teatro (ok, tem
Como não poderia deixar de ser, encerro esse post com uma passagem que resume bem o espírito do livro:
Quando você representa o papel de uma pessoa que está entrando em parafuso, a coisa tem organização e ordem; quando você observa a si próprio entrando em parafuso, desempenhando o papel da sua própria queda, aí a história é outra, uma história de terror e medo.
Axler não conseguia se convencer de que estava louco, tal como não havia conseguido convencer ninguém, nem mesmo a si próprio, de que era Próspero ou Macbeth. Era um louco artificial também. O único papel que conseguia desempenhar era o de alguém que desempenha um papel.
P.s.: Só como curiosidade, A Humilhação é (pasme) o trigésimo livro do Philip Roth.
P.s. 2: As capas dos livros do Philip Roth são sempre magníficas. Vale muito a pena comprar o livro para ter essa beleza em sua estante...
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