terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Liberdade de expressão? Aqui?!?

Quanto mais genial é um pensador, mais atemporal é sua obra. E tive um bom exemplo disso hoje, quando estava lendo um livro do Erich Fromm - O Medo à Liberdade.

Fromm é um autor que eu gosto muito, mesmo não conhecendo (ainda) toda sua obra. Neste livro ele mostra o quanto o homem tem medo da liberdade pelo fato de esta palavra significar, não raro, isolamento, individualidade e, consequentemente, angústia. O autor joga por terra a noção de liberdade que nós em geral temos e propõe algumas reflexões sobre o tema. O trecho que me deixou, digamos, incomodado foi o seguinte:

Achamos que a liberdade de expressão é o último passo na marcha para a vitória da liberdade. Esquecemos que, conquanto a liberdade de expressão constitua uma vitória importante na batalha contra as restrições antigas, o homem moderno se encontra em uma situação em que muito do que “ele” pensa e diz são as coisas que todos os demais pensam e dizem; que ele não adquiriu a capacidade de pensar originalmente – isto é, por si mesmo –, a única que pode dar conteúdo à sua alegação de que ninguém pode interferir na manifestação de suas idéias.

Não há nada mais atual do que esse texto, escrito em 1941, no meio da Segunda Guerra Mundial. Hoje vejo nas conversas informais e, principalmente, nas redes sociais uma defesa arraigada da liberdade de expressão. Entretanto, podem me chamar de ingênuo, mas não consigo notar cerceamento algum – pelo contrário, todo mundo tem o direito de dizer o que quiser, desde que se responsabilize por isso. O problema maior é que, na mão desses defensores, liberdade de expressão tornou-se liberdade de repetir o que já foi dito. E nisso não há liberdade alguma.

Retomando o trecho de Fromm, enquanto essa moçada não começar a pensar por conta própria, livre de influências manipulações externas, haverá somente uma falsa sensação de liberdade. Mas ela é prazerosa. Então, vamos defendê-la...

Por hora, fico com as palavras do Gabriel, o Pensador: “Liberdade de expressão? Aqui?! Ah... Não existe!”

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